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“Nos quase 500 anos que durou o processo de plena ocupação e integração do espaço nacional, foi apresentada sempre a construção de uma rede unificada de transportes como a única forma de assegurar a integridade do território.”
40. A expressão “que durou” (ℓ.1) indica que o processo de ocupação e integração do espaço nacional está sendo considerado como completo.
40. CERTO. Na expressão “que durou”, a forma verbal foi conjugada nopretérito perfeito do indicativo. Esse tempo verbal indica uma ação concluída.Portanto, é coerente a afirmação da questão.
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“Foi por participar de um ato público, em 1980, que Chico Mendes passou a ser fichado e perseguido pelos militares. Em Rio Branco,o seringueiro fez um discurso exaltado contra a violência no campo provocada pelos fazendeiros.”
41. O verbo “participar” (ℓ.1) está empregado, no período, como termo substantivo.
41. ERRADO. No texto, “participar” faz parte de uma oração subordinada adverbial causal. É, portanto, um verbo. Para que a forma verbal “participar” fosse empregada como substantivo, seria necessário que estivesse substantivada, ou seja, antecedida por um artigo ou por um pronome.
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“Um cenário polêmico é embasado no desencadeamento de um estrondoso processo de exclusão, diretamente proporcional ao avanço tecnológico, cuja projeção futura indica que a automação do trabalho exigirá cada vez menos trabalhadores implicados tanto na produção propriamente dita quanto no controle da produção.”
42. Preserva-se tanto a correção gramatical quanto a coerência textual ao se empregar o infinitivo desencadear, com função de substantivo, em lugar do substantivo “desencadeamento” (ℓ.1).
42. CERTO. Observe-se que no trecho “Um cenário polêmico é embasado no desencadeamento de um estrondoso processo de exclusão”, o termo destacado poderia ser substituído por no desencadear. Neste caso, o verbo“desencadear” estaria antecedido de artigo, o que o torna substantivado,ou seja, com o mesmo valor de um substantivo.
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“Nas interrelações pessoais, é inconteste que cada um dá sua própria versão dos fatos e da vida, segundo suas particulares experiências e com base na formação que tenha acumulado ao longo de sua existência.”
43. O emprego do modo subjuntivo em “tenha” (ℓ.3) é sintaticamente exigido pela oração subordinada iniciada pelo pronome relativo “que” (ℓ.3).
43. CERTO. O modo subjuntivo expressa ideia de hipótese, dúvida. A palavra“subjuntivo” vem da mesma raiz de subordinado. Pode-se constatarque verbos no subjuntivo normalmente pertencem a orações subordinadas.No contexto, “tenham” está, de fato, no subjuntivo e esse modo verbal é exigido pela oração subordinada adjetiva “que tenha acumulado ao longo de sua existência.” Deve-se ressaltar, porém, que nem toda oração subordinadapossui verbo no subjuntivo. No período Os funcionários que não concordaram com a proposta fizeram greve, a oração introduzida pelo conectivo “que” é subordinada adjetiva. Porém a forma verbal “concordaram”está no modo indicativo. A nosso ver, a banca deveria considerar isso e, em vez de dizer que é a oração subordinada que exige o subjuntivo,dizer que o contexto sintático-semântico (principalmente o semântico) é que sugere o subjuntivo – uma vez que este é o modo que indica hipótese.
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“No que tange à pesquisa, vem sendo publicamente proposto que uma política de ciências, tecnologia e inovação em saúde deva ter como pressupostos essenciais a busca da equidade e a observância de rigorosos princípios bioéticos na pesquisa e na experimentação em geral.”
44. O uso do modo subjuntivo em “deva” (ℓ.2) respeita as regras gramaticais,porque esse verbo ocorre em uma oração iniciada pela conjunção “que”(ℓ.1)
44. CERTO. O uso do subjuntivo respeita, contextualmente, as regras gramaticais,uma vez que ocorre em uma oração subordinada. Veja-se o comentário da questão anterior, pois, na nossa opinião, a Banca cometeu o mesmo erro.
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“Há a necessidade de que a pesquisa feita na universidade e nos laboratórios seja menos teórica e mais voltada para aplicações práticas”,diz Rodríguez. “E o setor privado precisa investir mais em pesquisa e desenvolvimento.”
45. As formas verbais ‘seja’ (ℓ.2) e ‘precisa’ (ℓ.3) estão flexionadas no modo subjuntivo, porque ambas se referem a uma situação hipotética.
45. ERRADO. Realmente “seja” está no modo subjuntivo, mas “precisa” não.Esta forma verbal representa o presente do indicativo, ou seja, expressaum fato certo, concreto, num tempo atual. Subjuntivo expressa hipótese.
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“Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
Ei-los sós e mudos, em estado de dicionário.
Convive com teus poemas, antes de escrevê-los.
Tem paciência, se obscuros.
Calma, se te provocam.
Espera que cada um se realize e consume com seu poder de palavra
o seu poder de silêncio.”
46. No trecho “Espera que cada um se realize” (ℓ.8), seguindo o padrão dos verbos conviver (ℓ.6) e ter (ℓ.7), o poeta faz uma recomendação ao interlocutor, usando o modo imperativo.
46. CERTO. O poema foi construído tendo por base o imperativo. O Imperativo é o modo verbal pelo qual se dá uma ordem, um conselho, uma sugestão ou se faz um pedido a alguém. É incorreto se pensar que esse modoverbal expresse apenas ordem. A questão afirma que “o poeta faz uma recomendação ao interlocutor, usando o modo imperativo”, o que é correto.
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“Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,há calma e frescura na superfície intata.
Ei-los sós e mudos, em estado de dicionário.
Convive com teus poemas, antes de escrevê-los.
Tem paciência, se obscuros.
Calma, se te provocam.
Espera que cada um se realize e consume com seu poder de palavra
o seu poder de silêncio.”
47. As formas verbais “Penetra” (ℓ.1) e “Convive” (ℓ.6) estão no imperativo afirmativo, que, no texto, é o modo da exortação do poeta, que se dirige ao interlocutor empregando o verbo na segunda pessoa; caso o fizesse na terceira pessoa, teria de empregar, nesses versos, as formas Penetre e Conviva, além das alterações que deveria fazer no restante do poema.
47. CERTO. Quando nos dirigimos a um interlocutor no singular, podemos utilizar as formas tu e você. O pronome “você”, apesar de ser de 2ª pessoa,deve ser conjugado em terceira pessoa. Se o autor optasse por se dirigir ao interlocutor usando a forma pronominal “você”, de fato as substituições sugeridas teriam de ser realizadas. Para entender melhor esse assunto, leia o tópico conjugação de verbos no nosso livro Português Básico Aplicado ao Texto, p. 96.
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“Claro está que não nos referimos ao carrancudo português, que, emmeio de uma chusma de folhas metodicamente dispostas, passa os dias sentado, com as pernas cruzadas no ponto de reunião da Ruado Ouvidor com o Largo de S. Francisco, na Brahma, nas portas dos cafés da Avenida, em toda parte.Queremos falar do pequenino garoto de dez anos, o brasileiritotrêfego, ativo, tagarela como uma pega, travesso como um tico-tico.Por aqui, por ali, vai, vem, corre, galopa, atravessa as ruas com uma rapidez de raio, persegue os veículos, desliza entre automóveis como uma sombra. Parece invulnerável.”
48. Ao empregar formas verbais na primeira pessoa do plural, como “referimos”(ℓ.1) e “Queremos” (ℓ.6), o autor diminui significativamente a subjetividade do texto e adota posição impessoal em relação ao tema, recurso de linguagem condizente com o tipo textual desenvolvido.
48. ERRADO. É o contrário do que se afirma no texto. Ao usar as formas verbais em primeira pessoa, o autor confere subjetividade ao texto, o que implica um caráter pessoal de comunicação. A objetividade e a impessoalidade adviriam do uso de terceira pessoa. Note-se que impessoalidade é um recurso argumentativo pelo qual o autor não identifica o agente do processo verbal.
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“Se você é médico, ponha de lado aquele seu livrinho com o juramento de Hipócrates e aprenda a traduzir hieróglifos.”
49. Na linha 1, a forma verbal “ponha”, flexionada no modo imperativo, dirige-se a quem se identifica com o pronome “você”, empregado na oração anterior.
49. CERTO. A forma verbal “ponha” está no imperativo afirmativo e realmente se refere ao pronome “você”, da oração anterior.
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“Mais uma vez, o Brasil permanece entalado no que parece ser uma incapacidade crônica de converter sua produção acadêmica em invenções que gerem patentes”
50. No texto, seria incorreto substituir “que gerem” (ℓ.3) por que possam gerar.
50. ERRADO. Tanto a forma verbal “gerem” quanto “possam gerar” estão conjugadas no tempo presente do modo subjuntivo. A substituição pela locução não causaria prejuízo semântico nem gramatical. A simples substituição,no texto, de uma pela outra mostraria a compatibilidade entre elas, não sendo necessário saber a que tempo elas pertenceriam.
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“A Convenção de Palermo recomenda, ainda, que os países agravem as sanções contra a corrupção e estabelece as bases para o confisco,a apreensão e a disposição de bens e ativos financeiros obtidos por meio de atividades criminosas, também aplicáveis aos equipamentos usados nessas atividades.”
51. O emprego do modo subjuntivo em “agravem” (ℓ.1) justifica-se por tratar-se de uma afirmação categórica.
51. ERRADO. O subjuntivo não expressa uma afirmação categórica, concreta. Indica um fato hipotético, possível. No trecho “A Convenção de Palermo recomenda, ainda, que os países agravem as sanções contra a corrupção...”, vê-se claramente que “agravem” é uma possibilidade, além de se notar que “recomenda”, apesar de estar no modo indicativo, tem uma aspecto semântico de “sugestão”. Logo, não há uma afirmação categórica no contexto.
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“Quando o ritmo de vida se acelerou? Alguns juram que foi a partir de 1995, com a chegada da Internet ao Brasil e sua avalancha de informação. A verdade é que a culpa acabará genericamente atribuída à tecnologia.”
52. O uso do futuro do presente em “acabará”(ℓ.3) expressa que a verdade referida ainda não foi comprovada.
52. ERRADO. O uso do futuro do presente “acabará” tem, no contexto, um valor estilístico. Nota-se na leitura do trecho que não se refere realmente a algo que vá acontecer no futuro, mas a algo que já aconteceu ou que esteja acontecendo. Observe-se que “acabará” pode, sem prejuízo semântico,ser substituído por acabou ou acaba. Portanto, o erro da questão está em afirmar que “acabará” indica algo que ainda não foi comprovado. Modernamente, é comum se usar um tempo verbal para expressar a ideia de outro, como se vê em: Eu trago o livro amanhã, em que “trago” equivale a “trarei”.
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“O Brasil não dispunha de uma lei que regulamentasse claramente os direitos e deveres das empresas, das escolas e dos estagiários.”
53. Em “O Brasil não dispunha” (ℓ.1), o verbo dispor está no presente.
53. ERRADO. A forma verbal “dispunha” está no pretérito imperfeito do indicativo. Pode-se reconhecer esse tempo verbal por suas terminações mais comuns: estava, vendia, tinha.
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“Por exemplo, se cada caçador reparte sua presa apenas com a família imediata, é mais provável que a caça se torne fortemente competitiva.”
54. A forma verbal “torne” (ℓ.2) está condicionada à estrutura sintática em que ocorre; por isso, sua substituição por torna desrespeitaria as regras gramaticais.
54. CERTO. Contextualmente, não é possível substituir “torne” (presente do subjuntivo) por torna (presente do indicativo). Observe-se que “torne”ocorre numa oração subordinada substantiva e num contexto semântico que expressa dúvida, hipótese: “é mais provável que a caça se torne fortemente competitiva.” Veja-se um exemplo em que a substituição é possível: “A empresa deseja contratar profissionais que morem(ou moram)no próprio município.” Por que nesse contexto a substituição é coerente? Porque a oração anterior (a empresa deseja contratar profissionais) não expressa ideia de dúvida, hipótese. Então, a subordinada não precisa conter verbo no subjuntivo.
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“Nos quase 500 anos que durou o processo de plena ocupação e integração do espaço nacional, foi apresentada sempre a construção de uma rede unificada de transportes como a única forma de assegurar a integridade do território.”
55. A substituição da locução verbal “foi apresentada” (ℓ.2) por apresentou--se prejudica a correção gramatical do período.
55. ERRADO. Não há prejuízo para a correção gramatical. Ocorre apenas a mudança de voz passiva analítica (“foi apresentada”) para voz passiva sintética (apresentou-se). Reconhece-se a estrutura de voz passiva analíticapela presença de verbo ser + particípio. Já a voz passiva sintética apresenta VTD ou VTDI + partícula apassivadora (se).
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“Atualmente, o PEFC é composto por 30 membros representantes de programas nacionais de certificação florestal, sendo que 21 deles já foram submetidos a rigoroso processo de avaliação e possuem seu reconhecimento, representando uma área de 127.760.2975 hectares de florestas certificadas, que produzem milhões de toneladas de madeira certificadas com a marca PEFC.”
56. A substituição da expressão “é composto” (ℓ.1) por compõem-se mantém a correção gramatical do período.
56. ERRADO. A questão está errada apenas pela concordância verbal. Sabe--se que o verbo deve concordar com o sujeito. Se o sujeito estiver, porcexemplo, no singular, o verbo deve também ficar no singular. A substituição proposta para o termo destacado no trecho “Atualmente, o PEFC é composto por 30 membros” estaria correta se fosse por compõe-se (singular)e não compõem-se (plural), uma vez que o verbo deve concordar com o sujeito simples “o PEFC”.
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“Em dezembro de 2004, foi editado o Decreto n. 5.296, que regulamentaa Lei n. 10.048/2000 – que dispõe sobre a prioridade de atendimento às pessoas portadoras de deficiência, idosos, gestantes,lactantes e pessoas acompanhadas por crianças de colo”.
57. A substituição de “foi editado” (ℓ.1) por editou-se mantém a correção gramatical do período.
57. CERTO. Mantém-se a correção gramatical. Ocorre apenas a mudançade voz passiva analítica (“foi editado”) para voz passiva sintética (editou-se). Reconhece-se a estrutura de voz passiva analítica pela presençade verbo ser + particípio. Já a voz passiva sintética apresenta VTD ou VTDI + partícula apassivadora (se).
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“E, no ano passado, cresceu a um ritmo mais intenso do que nos anos anteriores, com ganhos salariais para os 13 trabalhadores. Dados recentes indicam que essa tendência deve se manter.“
58. A substituição de “deve se manter” (ℓ.3) por deve ser mantida preserva a correção gramatical do período.
58. CERTO. A substituição de “deve se manter” por deve ser mantida preserva a correção gramatical. Ocorre, neste caso, a mudança de voz passiva sintética (“deve se manter”) para voz passiva analítica (“deve ser mantida”). Reconhece-se a estrutura de voz passiva analítica pela presença de verbo ser + particípio. Já a voz passiva sintética apresenta VTD ou VTDI + partícula apassivadora (se).
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“Na lista datada do meio do século XIX a.C., encontram-se produtos farmacêuticos como mel, resinas e alguns metais conhecidos como antibióticos para o tratamento de feridas.”
59. Preservam-se a coerência e a correção gramatical do texto ao se substituir“encontram-se” (ℓ.1) por outra forma de voz passiva gramatical, tal como foi encontrado.
59. ERRADO. A substituição de “encontram-se” por foi encontrado implicaria pelo menos dois erros: 1) a primeira forma verbal está no plural e a segunda no singular – erro de concordância; 2) a primeira forma verbal está no tempo presente e a segunda no tempo pretérito –incoerência entre os tempos verbais. A expressão são encontrados seria a substituição correta.
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“Foi divulgado um novo ranque de países segundo seu desempenho na inovação científica”60. No texto, seria incorreto substituir “Foi divulgado” (ℓ.1) por Divulgaram-se.
60. CERTO. A questão afirma ser incorreta a substituição de “Foi divulgado”por Divulgaram-se. De fato, tal substituição é incorreta. Observe-se que“Foi divulgado” representa a voz passiva analítica e concorda com osujeito simples “um novo ranque”. Se procedêssemos à substituição, aforma verbal “Divulgaram-se” não concordaria com o sujeito. A expressão Divulgou-se seria a troca correta.
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